Noam Chomsky - Porque não sou um liberal

   

Noam Chomsky em português

 

Published on May 21, 2016

me deixe começar dizendo algo sobre\Nliberalismo, que é um conceito muito complicado, eu acho que é correto\Ndizer que o liberalismo cresceu no ambiente do empiricismo e da rejeição à autoridade e da confiança nas evidências dos sentidos etc. contudo o liberalismo passou por uma\Nevolução muito complicada como uma filosofia social, se voltarmos aos clássicos,\Npelo menos os que eu considero assim como por exemplo Os Limites da Ação\Ndo Estado de Humboldt, que inspirou Mill que é um verdadeiro libertário, clássico liberal,\No mundo que Humboldt imaginava, que era um mundo parcialmente imaginário,\No mundo para o qual ele desenvolvia essa filosofia política era um mundo pós feudal\Nmas pré capitalista, era um mundo em que não haveria grande divergência entre os indivíduos e entre os tipos de poder que teriam e o que comandariam, mas havia uma enorme disparidade de entre os\Nindivíduos de um lado e o estado no outro consequentemente seria tarefa de um\Nliberalismo que estava preocupado com os direitos humanos, igualdade entre os indivíduos etc. era tarefa do liberalismo dissolver o enorme poder do estado, que era uma ameaça totalitária às liberdades\Nindividuais, e disso você desenvolve uma teoria liberal clássica no sentido\Nde Humboldt ou Mill, é claro estamos na era pré capitalista, ele não poderia conceber\Numa era em que uma corporação seria considerada um indivíduo, ou em que uma enorme disparidade de controle sobre os recursos e produção distinguiriam indivíduos de forma tão forte e nesta\Nsociedade tomarmos a visão Humboldtiana é um liberalismo muito superficial, porque\Nenquanto a oposição ao poder estatal em uma era de tanta divergência se\Nconforma às conclusões de Humboldt esta oposição não se faz pelas suas razões, as\Nrazões dele levam a conclusões muito diferentes neste caso, as razões de Humboldt nos levariam\Na conclusão de que devemos dissolver o controle autoritário sobre a produção\Ne os recursos, que levam a esta divergência entre os indivíduos, podemos traçar uma linha\Ndireta entre o liberalismo clássico e o socialismo libertário, que penso pode ser considerado como a adaptação do raciocínio do liberalismo clássico a uma era social muito diferente, mas se\Npegarmos a era moderna, aqui o liberalismo tomou um sentido muito estranho em relação à sua história, agora o liberalismo é basicamente a teoria do\Ncapitalismo de estado, da intervenção estatal numa economia capitalista, há muito\Npouca relação ao liberalismo clássico que seria hoje chamado de conservadorismo, mas esta nova visão eu acho que é uma visão muito autoritária que aceita uma série de centros de autoridade e controle, o estado de um lado\Ne aglomerações de poder privado no outro, todos interagindo com os\Nindivíduos como engrenagens maleáveis nesta máquina muito limitada, que pode ser\Nchamada de democrática, mas em vista da real distribuição de poder está muito\Nlonge de ser significativamente democrática e não pode ser, então minha impressão\Nsempre foi a de que para alcançar os ideais do liberalismo clássico, pelas\Nrazões que os levaram a serem elaborados em uma sociedade tão diferente devemos\Ntomar uma direção muito diferente é superficial e errôneo aceitar as\Nconclusões a que chegaram para uma certa sociedade e não considerar\Nas razões que levaram a estas conclusões as razões são substanciais, eu penso\Nque sou um liberal clássico neste sentido mas isto me leva a ser um tipo de\Nanarquista, um socialista anarquista


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