O Polo Dinâmico da Violência no Brasil.

   

Wellington Macedo

 

Published on Nov 19, 2015

Trabalho de pesquisa.

O PÓLO DINÂMICO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL
A violência cresce nas cidades com menos de 100 mil habitantes e muda o cotidiano pacato do interior.

Com penitenciária no limite, um núcleo de menores que não ressocializa e mais de 200 criminosos procurados pela justiça e em liberdade, somente em Sobral, a polícia faz um trabalho de enxugar gelo. Esse é o retrato real da mudança social que o país vem sofrendo nos últimos 10 anos, com a ausência de políticas públicas sérias. Mesmo sendo um modelo na educação básica com excelente desempenho no IDEB, o município cearense não é diferente dos demais, quando se trata de segurança pública.

Somente no mês de outubro, 50 armas de fogo foram apreendidas pela polícia sobralense, todas elas nas mãos de criminosos conhecidos da justiça. Segundo a polícia, o município tem uma média de 36 armas de fogo sendo apreendidas mensalmente, mais de uma por dia. O comércio ilegal e o aluguel de armas para a prática de crimes é uma realidade que tem sido um desafio para o Estado.

O Mapa da Violência revelou que no período de 2003/2012 a violência caiu pouco mais de 16% nas capitais, mas em compensação, essa taxa teve um crescimento de quase 36% no interior, fazendo essas pequenas cidades passarem a ser o motor da violência no país.

A sensação de impunidade, segundo especialistas, é um dos principais problemas da pandemia estrutural da violência no Brasil. Os índices brasileiros são de 27 homicídios para cada 100 mil habitantes. Segundo especialistas, a partir de 20 homicídios para cada 100 mil habitantes, o problema se torna difícil de ser erradicado. Se permanecer a incapacidade do estado em formatar políticas públicas capazes de reprimir a violência no sentido de garantir a ordem, até 2020 as taxas de violência do interior deverão ultrapassar as das capitais do país. A violência urbana não compreende apenas os crimes propriamente ditos, mas todo o efeito que provoca sobre as pessoas, interferindo no comportamento social e prejudicando a qualidade de vida do cidadão.

Para alguns pesquisadores, a ausência de políticas públicas no interior e o investimento em segurança nas capitais e regiões metropolitanas em meados de 2001, fez com que a violência migrasse para áreas de menor capacidade estrutural de segurança. A consequência caótica da interiorização da violência vem gerando uma sensação do estado natural do direito além de ameaçar a manutenção da ordem, levando o cidadão de bem a lutar pela própria vida sem o auxílio do Estado. Num país onde presidiários navegam livremente na internet e mesmo presos continuam comandando o crime, onde as próprias leis foram formuladas com brechas no sentido de beneficiar aqueles que tem condições de pagar um advogado, onde a sociedade não está preparada para conviver com uma polícia incorruptível e o Estado é o primeiro a infringir os direitos humanos, a democracia já não faz o seu papel.

Confira nesse pequeno vídeo gravado recentemente em Sobral, cidade com pouco mais de 200 mil habitantes, localizada no Norte do Ceará, a nova realidade vivida nas "pacatas" cidades do interior do país a fora. Perdemos o direito de dormir com janelas abertas, de caminhar no boulevard sem ser incomodado, de reunir amigos na calçada etc. Transferimos para o Estado o cuidar de nossa segurança quando aceitamos o desarmamento e nos deixaram agora a beira do caos. Será que ainda teremos o direito de mudar e corrigir o nosso erro?

Trabalho de pesquisa apresentado nessa última quarta-feira 18/Nov.

Wellington Macedo
Estudante de Direito
Faculdade luciano Feijão


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